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Livro mostra atuação do príncipe Luís de Orléans e Bragança na tentativa de restaurar monarquia nas primeiras décadas da República (divulgação)
23/11/2010
Ilustre desconhecido
Por Alex Sander Alcântara
Agência FAPESP – Após a Proclamação da República e queda da monarquia, grandes transformações atingiram a família imperial brasileira, que perdeu o poder político e foi obrigada por decreto a sair do país, passando a residir na França.
Mas pouco se soube da vida e da atuação política da família imperial fora do Brasil. Muito menos se conhece a atuação de seus membros na tentativa de restaurar o período monárquico no país, que marcaria as primeiras décadas da República.
Nesse aspecto, Dom Luís de Orléans e Bragança (1878-1920), segundo filho da Princesa Isabel e de Gastão d’Orléans (conde d’Eu), ocupa um lugar de destaque. Em decorrência da renúncia de seu irmão mais velho, D. Pedro de Alcântara, Dom Luís assumiu a posição de príncipe imperial e se manifestou publicamente no Brasil, ao longo de vários anos, em favor da restauração do trono.
A vida e a atuação política desse personagem – que viveu no Brasil até os 11 anos de idade – ocupam o cenário narrativo do livro Dom Luís de Orléans e Bragança: peregrino de impérios, de Teresa Malatian.
De acordo com a autora, o foco do estudo no biografado se consolidou a partir de suas pesquisas paralelas, sobretudo porque o príncipe teve participação política significativa no decorrer da Primeira República.
“Sua participação não se limitou apenas a confrontar o banimento da família imperial, mas também porque tinha uma proposta política de crítica à Republica, que não era uma mera reprodução do império do seu avô, D. Pedro II”, disse Teresa, professora da Universidade Estadual Paulista, campus de Franca, à Agência FAPESP .
O livro recebeu apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Publicações e é resultado da pesquisa “D. Luís de Orléans e Bragança (1878-1920)”, concluída em 2009 e que recebeu apoio da Fundação na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
Segundo a historiadora, o príncipe avança em suas propostas ao fazer uma defesa da Federação com abertura para se perceber o movimento operário no Brasil. “Ele abre um pensamento para atualidade brasileira mais voltada para o processo de industrialização, enquanto outros movimentos estavam mais preocupados ainda com a abolição”, destacou.
A crítica à República está contida em dois manifestos, publicados em 1909 e 1913, nos quais D. Luís aborda tanto as excelências como a representação e forma de governo no Império. O manifesto de 1913 é a última participação política de peso do príncipe, quando conseguiu arrebanhar diversos seguidores.
De acordo com Teresa, o príncipe não defendia o poder moderador, mas acreditava que os poderes Legislativo e Judiciário funcionavam melhor no Império do que na República, porque neste regime o controle ficava nas mãos dos representantes das oligarquias.
“Essa crítica encontra ressonância na que era feita à República Velha pelos próprios republicanos. Quando propôs a restauração, D. Luís reconheceu que o imperador havia sido excessivamente ‘liberal’ ao permitir, por exemplo, o crescimento do Partido Republicano. Por outro lado, defendeu que os militares deveriam ter um papel muito mais importante quando comparado à atuação de D. Pedro II”, disse.
Peregrino de impérios
O livro é divido em 12 capítulos, acompanhado de um caderno de imagens, e narra a formação educacional e militar, casamento e trajetória do príncipe como viajante de quatro continentes. “O subtítulo ‘Peregrino de impérios’ se refere tanto aos lugares por onde passou como ao desejo de retornar ao Brasil, tentativa frustrada em 1907”, explicou.
Apesar de não ser um pensador no sentido restrito, D. Luís teve uma trajetória intelectual relevante não somente como ativista político. Publicou livros de viagens, foi repórter de guerra na África e fotógrafo. Seu livro mais importante é Sobre o Cruzeiro do Sul.
“Nesse livro, que foi publicado originalmente em francês, ele explicou sua plataforma política. Suas atividades intelectuais o levaram a ser aceito no Instituto Geográfico do Brasil e a pertencer à Sociedade de Geografia de Paris. Mas não conseguiu entrar para a Academia Brasileira de Letras devido ao antagonismo político com Ruy Barbosa, então presidente da academia”, disse.
De acordo com a docente da Unesp, D. Luís tinha uma preocupação muito comum naquele época, que era a de mostrar na literatura de viagem as ‘terras exóticas’ da África aos europeus.
O príncipe morreu aos 42 anos, após a Primeira Guerra Mundial. “Depois disso, apesar de persistir mais no plano teórico, o movimento monarquista ficou órfão porque seus filhos ainda eram menores de idade. O objetivo do livro é mostrar que ele não foi um personagem secundário nesse processo”, disse Teresa.
• Título: Dom Luís de Orléans e Bragança: peregrino de impérios
Autora: Teresa Malatian
Páginas: 270
Preço: R$ 55
Mais informações: http://www.alamedaeditorial.com.br

GUARDA NEGRA NO IMPÉRIO – Nenhuma palavra sobre uma Guarda Negra … nem no relatório do suboficial que ordenou o fogo…

Apresentamos mais informações sobre Guarda Negra e a Capoeiragem
Jornal do Capoeira – http://www.capoeira.jex.com.br/
Edição 54 – de 18/dez a 25/dez de 2005

Leopoldo Gil Dulcio Vaz
São Luis do Maranhão-MA
Dezembro de 2005

Os movimentos pela abolição da escravatura são iniciados a partir de alguns eventos ocorridos: a cessação do tráfico negreiro da África, em 1850; a volta vitoriosa de negros da Guerra do Paraguai, que se estendeu de 1865 a 1870, a promulgação da Lei do Ventre Livre; a criação da Sociedade Brasileira contra a Escravidão (tendo José do Patrocínio e Joaquim Nabuco como fundadores); a Lei Saraiva-Cotegipe (mais popularmente conhecida como a Lei dos Sexagenários).

Dois conceitos históricos são entendidos por abolição da escravatura: o conjunto de manobras sociais empreendidas entre o período de 1870 a 1888 em prol da libertação dos escravos, e a própria promulgação da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, que promove a oficialização da abolição do regime.

As mudanças ocorridas afetavam diretamente a economia de produção neste período do Brasil. Após as medidas oficiais anti-escravistas determinadas pela Lei Áurea, os senhores escravistas, insatisfeitos com a nova realidade, intencionavam exigir indenizações pelos escravos libertos, não obtendo nenhum aval do Império. Desta forma, surgiram os movimentos republicanos, que foram engrossados com a participação dos mesmos senhores que eram antigos detentores da “mercadoria escrava” e que, descontentes com as atitudes do Império, acabaram por defender um novo sistema de governo, decorrendo daí um dos principais motivos da derrocada final do Império. Por outro lado, a mão de obra proveniente das novas correntes imigratórias passa a ser empregada. Os negros, por um lado libertos, não possuíam instrução educacional ou a especialização profissional que passa a ser exigida, decorrendo destes aspectos a permanência dos negros à margem da sociedade frente à falta de oportunidades a eles oferecidas pelos republicanos. Tivesse sido mantida a Monarquia, a situação dos negros seria outra.

Nesse contexto, a Guarda Negra foi formada por José do Patrocínio em 28 de setembro de 1888, como um movimento paramilitar, composto por negros, que tinha passagem pelo Exército e com habilidade em capoeira. O objetivo dele era demonstrar gratidão à família real pela abolição e intimidar republicanos e tumultuar os comícios. A ação da Guarda Negra travava batalhas com os partidários do fim da Republica, sendo classificados como terroristas.
Muito embora Patrocínio, em virtude da Lei Áurea, seja identificado como monarquista e formado a Guarda Negra para defender a Princesa Izabel, aderiu às idéias republicanas.
O jornalista Renato Pompeu, em “Confissões de um trirracial”, afirma saber que:

“… a República foi proclamada porque o Império, ao proclamar a Abolição, ficou comprometido com o futuro dos negros recém-libertados, como prova o fato de que só guarnições militares compostas de negros, como a Guarda Negra da Princesa Isabel, resistiram ao golpe de Estado de 15 de novembro de 1889. O regime republicano, assim, nasceu, e continua, sem nenhum compromisso maior com as pessoas de pele mais escura.”[5]

• Por essas ações, cada vez mais violentas, houve perseguição aos negros, em sua maioria capoeiras, e ligados a guarda negra, provocando sua marginalização, quando do advento da República, e a conseqüente criminalização do ato de praticar capoeira… (Logo após a Proclamação da República (1889), a capoeira foi proibida pelo Marechal Deodoro, permanecendo nessa situação até 1937 quando Mestre Bimba a tira do código penal e a leva a esporte nacional).

Em São Luís do Maranhão, encontramos um episódio relacionado com a participação dos negros no processo de combate à República recém proclamada. Foi denominado de “o fuzilamento do dia 17”, e ocorreu com uma manifestação de escravos, recém-libertos, contra Paula Duarte, o único republicano no novo governo, conforme informa Mario Meireles, e isso porque se dizia que o novo regime vinha para tornar sem efeito a Lei Áurea. Os manifestantes foram à redação de “O Globo”, jornal republicano, e tentaram o empastelar. A polícia interveio, dispersando-os. Na boca do povo, e naquelas circunstâncias, teria ocorrido um massacre – os fuzilamentos do dia 17. (Meireles, Mário. História do Maranhão. 2 ed. São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1980, p. 307).

Milson Coutinho, ao descrever os acontecimentos daquele dia 17 de Novembro – Maranhão, 1889: fuzilamentos e torturas.
a percorrer as ruas de São Luís dando vivas à Monarquia.” (p. 18)

Prossegue Coutinho o seu relato, informando que a turba passou em frente à casa do Desembargador Tito de Matos, ainda respondendo pelo Governo da Província: “…estancou a passeata, com a finalidade de cumprimentar o Magistrado, derradeiro lampejo da Monarquia deposta e última esperança da malta enfurecida”. (p. 18-19).

Malta enfurecida? Coutinho a teria usada em que sentido? De identificar os manifestantes com as maltas de capoeira que agiam no Rio de Janeiro, dando vivas à monarquia e contra o novo regime? No-lo sabemos …

Prosseguindo, O Desembargador pediu as massas que aguardassem a ordem, dissolvessem a passeata. Esses acontecimentos se deram pela manhã. Os espíritos serenaram e a tranqüilidade pública volveu à Capital. Mas…

“…por volta das 15 horas do dia 17 os ânimos voltaram a se reacender, com novos grupos de anarquistas a percorrer as ruas e praças da capital, estocando todos os segmentos da balbúrdia em frente ao jornal de Paula Duarte, desaguadouro do contingente de alucinados que para ali convergiam, provindos de quantos becos se contassem, isto já em profusa massa humana.
“O Comandante do 5º. Batalhão de Infantaria destacou, para o local uma força devidamente embalada, tropa essa que se postou em frente à tipografia de Paula Duarte, a partir das 16 horas, a fim de garantir a segurança do jornalista e evitar a depredação do edifício.”.(p. 19, grifos meus).

Os revoltosos debandaram, proferindo gestos coléricos e invulgar alacridade, e assim se passou o resto da tarde, sem outras conseqüências que não o clima de total intranqüilidade reinante.

“Os relógios assinalavam pouco mais das 19 horas, quando a multidão enfurecida e com muitos de seus componentes já armados voltou à carga para tirar a prova de fogo
“Iniciou-se a fuzilaria, de que resultou a morte imediata de três manifestantes, ferimentos em 11 outros, lesões em vários soldados, cabo e sargento do destacamento, vindo a morrer depois, na Santa casa, um dos sediciosos ferido por balaço da tropa.” (p. 20).

Nenhuma palavra sobre uma Guarda Negra … nem no relatório do suboficial que ordenou o fogo…

A GLOBO FOI FREADA !

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